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Política em Foco

A face das eleições dos quatro maiores municípios do Espírito Santo

Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra: As eleições do próximo domingo podem consolidar os gestores que investiram na política de composição com o Palácio Anchieta e trazer incertezas sobre os demais.
Cariacica e Vila Velha têm situações semelhantes, Vitória está por detalhes e Serra terá segundo turno.

Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória: cidades próximas, mas politicamente diferentes.

As eleições municipais acontecem no próximo domingo (6), e o que vimos até agora é o reflexo dos últimos meses, com os diversos institutos de pesquisa mostrando eleições meramente protocolares em algumas cidades, incerteza de vitória no primeiro turno e a certeza de um segundo turno em outros domicílios.

Vamos avaliar cada situação:

Cariacica: O eleitor contente e grato pela boa gestão.

O candidato Euclério Sampaio (MDB) manteve-se “unânime” desde o início, recebendo “apoio” até mesmo da chapa adversária, um fenômeno que quase implodiu a candidatura da petista Célia Tavares.

O prefeito e candidato à reeleição apostou todas as fichas na política de composição, que resultou em investimentos recordes no município. Euclério surpreendeu muitos que duvidaram de sua capacidade técnica, política e administrativa.

É quase impossível tirar sua reeleição ainda no primeiro turno.

Vila Velha: O eleitor que ainda não viu razões para votar na oposição.

Arnaldinho Borgo (Pode) também consolidou sua posição sem maiores obstáculos. Seu principal oponente, coronel Ramalho(PL), chegou tarde e errou na estratégia de atacar o governador. Isso pode ter levado parte da população a fazer a seguinte reflexão: qual a garantia de que os investimentos em Vila Velha continuarão? Será que a relação institucional sobreporá a relação política?

A verdade é que Arnaldinho Borgo chegou à prefeitura em 2021 com uma força surpreendente, derrotando dois ex-prefeitos, um deles no poder e com a máquina nas mãos. Essa força refletiu-se em uma forte política de composição com a Câmara de Vereadores, com o governador do Estado e com a bancada federal. Consequentemente, o prefeito conseguiu eleger seu vice, Dr. Vitor Linhalis, como deputado federal, feito que Max Filho não conseguiu em 2018, com seu vice da época, Jorge Carreta.

Dessa forma, o candidato à reeleição Arnaldinho Borgo deve se reeleger no primeiro turno, quebrando a sequência de três prefeitos que tentaram a reeleição e não conseguiram (Neucimar Fraga, Rodney Miranda e Max Filho).

Hoje, é praticamente impossível ter segundo turno nas terras Canela-Verde.

Vitória: O eleitor exigente, indeciso e mutável.

Lorenzo Pazolini (Repu) tinha tudo encaminhado para se reeleger no primeiro turno. No entanto, as tensões com o governador, algumas interrogações nos últimos dias, o número de indecisos e o perfil cauteloso e variável do eleitor da capital, que costuma deixar sua decisão para os últimos dias trouxeram tímidas ambições dos seus adversários. Vale lembrar que nos últimos três pleitos, quem saiu na frente perdeu as eleições e ficou pra trás.

Avançando, no último debate, Pazolini se saiu bem, evitando embates com os candidatos mais experientes e mantendo um tom conciliador, sem cair nas provocações. O prefeito da capital economizou energia e não deu a visibilidade que seus adversários buscavam. Por outro lado, os ex-prefeitos Luiz Paulo (PSDB) e João Coser (PT) não conseguiram desestabilizar o alvo principal, Pazolini e mostraram dificuldade de convencer parte dos eleitores, especialmente o núcleo mais jovem.

Agora, resta a esperança no recall de cada candidato, no número de indecisos e no perfil mutável do eleitorado de Vitória. Essas são as únicas razões para não cravarmos a vitória do atual prefeito no primeiro turno.

Serra: O eleitor que não é dado a aventuras políticas.

Audifax Barcelos (PP), Pablo Muribeca (Repu) e Weverson Meireles (PDT) disputam uma vaga no segundo turno, uma briga de detalhes nessa reta final.

Diante disto, é quase certo que o município mais populoso do Estado terá segundo turno, com uma leve vantagem para o ex-prefeito Audifax Barcelos, que se beneficiou com a saída do atual prefeito Sérgio Vidigal da disputa. O cenário está indefinido, com algumas questões em aberto: Audifax e Muribeca atingiram seu teto? Esse teto é suficiente para garantir os dois no segundo turno? E o crescimento de Weverson Meireles nos últimos dias? A máquina voltou a funcionar? E a entrada do governador Renato Casagrande pode mudar as perspectivas do eleitor serrano?

Diferente dos demais municípios, na Serra, é quase certo que teremos segundo turno, em uma disputa bem diferente desde 1996, onde Sérgio Vidigal e Audifax Barcelos se alteraram no poder.

Esse é o panorama que se aproxima da realidade de cada candidato e suas respectivas pretensões. São as últimas imagens da disputa eleitoral nos quatro maiores municípios da Região Metropolitana de Vitória.

Enfim, restam poucas horas, algumas decisões, certeza para a maioria e muitas incertezas para quem não quer enxergar o realismo político dessas cidades.

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.
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