Momento de Inclusão​

O verdadeiro papel do RH das empresas na inclusão de PCDs

A inclusão é um processo contínuo, constante que demanda um engajamento sincero e verdadeiro de todos os envolvidos numa empresa.
A inclusão é um processo contínuo, constante que demanda um engajamento sincero e verdadeiro de todos os envolvidos numa empresa.

Apesar do avanço nas leis de inclusão e no mercado de trabalho nos últimos anos, ainda existem barreiras culturais que dificultam a efetiva participação das PCDs. Muitas vezes, preconceitos inconscientes levam as pessoas a subestimar as capacidades dessa comunidade ou a ter receios infundados sobre sua produtividade e adaptação ao ambiente corporativo. Superar visões preconcebidas é um desafio que requer esforço conjunto da sociedade.

Do ponto de vista organizacional, a gestão da diversidade deve estar alinhada à cultura e valores propagados pela empresa. Isso significa promover a inclusão não apenas por obrigação legal, mas porque se entende seu valor estratégico. As lideranças precisam dar o exemplo, demostrando respeito e colaborando ativamente para a acessibilidade e o bem-estar dos funcionários PCDs. Sem o engajamento dos mais altos escalões, fica difícil motivar de fato a mudança de comportamento nos demais setores.

No caso do RH, além das questões de recrutamento, seleção e infraestrutura já citadas, é importante monitorar constantemente indicadores como rotatividade, absenteísmo, índices de acidentes e avaliação de clima organizacional para as PCDs. Eventuais lacunas detectadas nessas métricas devem servir de guia para ações de desenvolvimento, como treinamentos específicos de habilidades ou ações de apoio à saúde mental e bem-estar. Cumprir a lei é só o primeiro passo, a gestão contínua é essencial para manter o comprometimento com a diversidade no longo prazo.

Vale ressaltar a importância da comunicação com o próprio grupo de PCDs da empresa. Criar canais para escuta ativa, identificar possíveis barreiras remanescentes e coletar suas opiniões sobre a experiência no ambiente de trabalho pode contribuir para aprimorar constantemente as práticas de inclusão adotadas. Suas percepções devem ser levadas em consideração em todos os processos de tomada de decisão relacionados à gestão da diversidade.

A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho enfrenta desafios que evoluem ao longo do tempo. Novas tecnologias assistivas e a própria disseminação de informações sobre o tema vêm possibilitando oportunidades inéditas, mas também surgem novas complexidades. Tem sido o crescente número de jovens ingressando no mercado de trabalho com deficiências adquiridas ao longo da vida. Acidentes ou doenças que levam à amputações, cegueira ou até sequelas intelectuais decorrentes de traumas exigem do RH capacidade de adaptação permanente.

Se por um lado há mais conhecimento a respeito de condições como autismo ou bipolaridade, por outro lida-se com diagnósticos cada vez mais específicos e intricados. Acompanhar a evolução médica e ter no quadro funcionários capacitados para tratar cada caso de maneira customizada torna-se crucial.

Além disso, o envelhecimento da população traz novos desafios, como a inclusão de idosos com algum tipo de deficiência motivada por doenças crônicas ou degenerativas. Em muitos casos, experiência profissional acumulada em décadas pode ser aproveitada, mas adaptações na rotina ou no ambiente de trabalho também são necessárias.

Nesse cenário, ter políticas, processos e treinamentos dinâmicos que acompanhem a complexidade do tema torna-se fundamental. Monitorar indicadores, ouvir pessoas com deficiência e se manter atualizado sobre novas realidades clinicas são iniciativas que podem diferenciar uma empresa comprometida com a equidade e diversidade de forma sustentável.

Por outro lado, as tecnologias de comunicação, mobilidade, sensorial e de aprendizagem conquistam a cada dia mais autonomia e inclusão para públicos outrora excluídos. Um exemplo são assistentes virtuais avançados capazes de auxiliar tarefas, leitores de tela cada vez mais precisos ou próteses de membros controladas por computador.

Esses avanços demandam do RH olhar para além de questões burocráticas de cotas ou acessibilidade estrutural. Buscar identificar talentos e promover inclusão de forma multifacetada, pelo viés de cada capacidade individual e do potencial humano, independente de rótulos, deve ser o norte. A diversidade plena passa por enxergar pessoas, não apenas corporalidades ou diagnósticos.

A inclusão plena de pessoas com deficiência vai além de metas ou exigências regulatórias. É um processo contínuo, constante que demanda um engajamento sincero e verdadeiro de todos os envolvidos na organização, desde os executivos seniores até os demais funcionários, passando necessariamente pelo RH, que desempenha um papel central nesse processo. Superar barreiras, preconceitos e desafios requer empenho constante, mas os ganhos também são significativos para a empresa, para as próprias PCDs e para a sociedade como um todo.

“A opinião deste colunista não reflete, necessariamente, a opinião da RedeTV! Espírito Santo.”

Jornalista, apresentador de tv, empresário, ativista social comprometido com a inclusão, Embaixador da Vitória Down, Idealizador da “Brigada 21”, a 1ª brigada nos bombeiros formada por pessoas com Síndrome de Down do país (quiçá do mundo), e do “Pelotão 21”, o primeiro pelotão do Exército Brasileiro formado por pessoas com Síndrome de Down. É diplomado pela ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, no curso de Política e Estratégia, Comendador do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro e Embaixador, no Espírito Santo, do projeto “Empoderadas” da campeã mundial de Jiu-jítsu e referência nacional no enfrentamento à violência contra a mulher, Erica Paes (Empoderadas – RJ).

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