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Política em Foco

Eleições estudadas

Falas estratégicas, comportamentos regrados e escolhas certeiras são as configurações que estão marcando a atual disputa eleitoral.
As disputas eleitorais estão cada vez mais científicas e sem espaço para aventuras.

A frase “política não é para amadores”, nunca esteve tão evidente, devido ao acirrado cenário político contemporâneo. A evolução das campanhas eleitorais reflete essa realidade e aponta para um refinamento técnico e analítico sem precedentes. Desde os eventos da pré-campanha até a escolha do vice, as estratégias e movimentações demonstram uma abordagem cada vez mais estudada e meticulosa, sinalizando uma mudança significativa no panorama eleitoral. Esses efeitos já podem ser notados na pré-campanha, antes considerada uma fase meramente preparatória, agora ganhou importância crucial, com análise de dados, pesquisas de opinião detalhadas e a segmentação de eleitores.

Na Grande Vitória, os prefeitos que vão concorrer à reeleição estão precavidos com as aventuras e com os aventureiros, como, por exemplo, Cariacica e Vila Velha, no qual os gestores procuraram fazer o dever de casa, articulando parcerias com o governador do Estado e apostando nas entregas realizadas. Isso porque as recentes pesquisas apontam para a desidratação da polarização entre direita e esquerda na disputa municipal, especialmente, para as eleições majoritárias. Ou seja, nos municípios, a influência dos figurões da política nacional não terão o peso tão esperado. Algumas pesquisas mostraram o eleitor mais preocupado com as questões regionais e com a construção de alianças próximas. Nesse sentido, Brasília está muito longe das dores singulares do eleitor.

Outro fator importante é o caminho percorrido pela oposição, uma conjunção que não permite erros como outrora. Tem pré-candidato com bastante experiência na segurança pública que escolheu uma mulher como vice, com histórico de luta na saúde, deixando claro que vão explorar positivamente essas duas importantes áreas durante a campanha. Outro com expertise nos negócios, empresário bem-sucedido, deu preferência a um perfil mais arrojado com domínio em áreas múltiplas. Esses casamentos “arrumados” são consequências de muitos cálculos, riscos e benefícios, podem ter certeza, o desafio é convencer o eleitorado que além da técnica, existe o verdadeiro sentimento e vocação para a política.

Não podemos esquecer daqueles que ensaiaram uma desistência, lançando seus pupilos e arriscando o capital político conquistado ao longo dos anos. Nesse cenário, a política personalista não trouxe segurança para o protagonista e uma mudança na rota anunciada não será nenhuma surpresa. Nesse mesmo ambiente, porém, do outro lado do quadro, aconteceu uma reunião de náufragos, uma junção do desespero que não se consolidou em 2022 e que busca na força do oportunismo um espaço para chamar de seu. Todavia, o rastro da falta de lealdade permanece visível, minando qualquer aspecto de confiabilidade. Nesse grupo não faltou estudo, faltou cumprimento de acordos e justificativa aceitável, porque a política pode perdoar algumas delinquências, menos a delinquência ideológica.

Por último teve convenção tímida, sem os pomposos requintes da política. Isso pode até soar positivo, mas não apaga a negativa mensagem. Talvez seja reflexo do que foi a administração, um isolamento não só de ideias, mas também de ações com direito a alguns excessos, sobrando até para o microfone, a maior vítima do espetáculo. Fora a disputa para compor a vice, um jogo de paciência que está acima dos outros atributos, suprimindo a imprudente pressão, porque a política não é movida pela ansiedade, e sim, por estratégia até o último minuto, o que faz muita gente se lançar do precipício, principalmente os mais afoitos.

Portanto, as eleições estão cada vez mais científicas e os projetos podem se diluir para acompanhar o momento e fazer os necessários ajustes. A manutenção do projeto é interessante, mas os contornos são inevitáveis. Aquilo que foi traçado lá atrás precisa se adequar e passar pela reformulação de cada disputa, pois o retrato de ontem não combina mais com o meio e o final do filme. Tem que saber ler, interpretar e obedecer à dialética política, que ensina aos ensináveis e forma ao formar, um processo que as salas acadêmicas não ilustram.

De fato, em matéria de política, quem não estuda é refém dos olhos e das cinzentas sensações!

CURTAS

“POLÍTICA x FUTEBOL”

A disputa pela vaga de vice-prefeito de Arnaldinho estava tão acirrada quanto a disputa entre Gabigol e Pedro pela titularidade no Flamengo.

Dois jogadores diferenciados e muito identificados com o Flamengo, assim como Bruno e Cael são identificados com Arnaldinho.

Questionado sobre Gabigol e Pedro, o técnico do Flamengo disse que a culpa é da FIFA, que só permite a presença de 11 jogadores em campo. Se fosse questionado, o prefeito Arnaldinho Borgo poderia culpar a legislação eleitoral, que só permite um nome para compor a vaga de vice.

Coisas da política, coisas do futebol!

CAMPANHA PREGUIÇOSA

Assessores preguiçosos, geram campanhas preguiçosas. Um militante marcha-lenta não entrega a missão e compromete todo projeto.

Numa campanha eleitoral, nenhuma pessoa é mais importante do que o projeto, principalmente numa disputa tão técnica e frenética como o universo político.

Até a próxima!

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.
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